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RÁDIO BARRACO : fevereiro 2024

As 'confissões' de Madame Satã após o maior malandro da Lapa aposentar a navalha

 

Madame Satã durante entrevista ao GLOBO em outubro de 1972 | Foto de Jorge Peter/Agência O GLOBO

Ele era malandro à moda antiga, para o bem e o mal. Porque não tinha essa coisa de malandro bonzinho na Lapa. Malandro não vivia enfiado na boemia andando na linha, evitando confusão. Satã era ator, dançarino, drag queen, amava a noite, a rua, o teatro. Era um artista à frente de seu tempo. Mas tinha o lado bandido também. Passou um total de 27 anos preso por diferentes desvios, como danos ao patrimônio, agressão e pelo menos dois homicídios "confessos" (entre aspas porque ele admitia a autoria desses crimes de uma forma muito peculiar).

Não foi à toa que, em 1978, o compositor Chico Buarque avisou, em sua "Homenagem ao malandro", que foi à Lapa e perdeu a viagem, porque "aquela tal malandragem não existe mais". Quando Madame Satã morreu, no dia 12 de abril de 1976, o tipo de personagem que ele havia sido já não existia mais. Mesmo assim, 45 anos após sua partida, João Francisco Gomes continua sendo uma figura emblemática na história da boemia carioca. No aniversário de sua morte, o Blog do Acervo resgatou trechos de duas entrevistas concedidas por ele ao GLOBO, ambas da época em que o pernambucano radicado no Rio estava lançando a biografia "Memórias de Madame Satã", escrita por Sylvan Paezzo.

 Eu fui um defensor dos injustiçados. A gente tem sempre uma estrela do bem e uma estrela do mal. A minha estrela do mal brilhou muito. Eu dei azar, sempre: olhavam pra mim e não faziam fé. Aí, eu como tenho horror a pancada, tinha que brigar - contou o ator ao colunista Sérgio Bittencourt, filho de Jacob do Bandolim, em um texto publicado no dia 5 de julho de 1972. - Saí de casa aos 7 anos de idade e vim de Pernambuco aqui para o Rio. Foi no Rio, na Lapa, que eu tive que aprender a me defender de qualquer maneira.

O malandro na época do lançamento do livro "Memórias de Madame Satã" | Foto de Jorge Peter/Agência O GLOBO

Nascido na Zona da Mata Pernambucana, Satã dizia que sua mãe o trocara por uma égua chamada Amorosa, ainda na infância. E que, aos 13 anos, foi morar nas ruas do bairro que lhe mostrou os caminhos do palco, mas também a direção da delegacia. Em 1972, após uma vida entrando e saindo da prisão, o malandro de 73 anos morava na Ilha Grande, um paraíso no Litoral Sul Fluminense, onde vivia com a família, cuidando de uma granja e lavando roupa pra fora. Era uma lenda nos inferninhos da Lapa, mas não queria mais saber daquela vida louca.

Presídio: A origem das facções criminosas numa penitenciária na Ilha Grande

Passara tempo suficiente na cadeia para decidir aposentar a navalha. Dizia que a polícia não podia vê-lo na rua sem arrumar motivo para levá-lo em cana. Foram 29 processos contra ele, dez condenações. Quando o colunista Sérgio Bittencourt perguntou se o entrevistado havia matado alguém, Satã afirmou que "nunca". Mas aí o colunista resolveu apertá-lo, questionando-o sobre a morte do grande compositor Geraldo Pereira, autor de "Falsa Baiana", em 1955. Ainda assim, o malandro respondeu que não foi ele quem matou. E explicou o episódio da sua perspectiva:

- Geraldo cismou que eu tinha que beber cerveja no copo dele. Eu cismei que não tinha. Era, até, meu amigo. Aí, ele me atirou a cerveja dele na cara. Mandei a esquerda, e ele caiu com a cabeça no meio-fio. Foi morrer de manhã, às 9 horas.
Isso ocorreu às duas da madrugada. Fui eu?

Madame Satã em sua casa na Ilha Grande, em 1974 | Foto de Jorge Peter/Agência O GLOBO

Satã não era canhoto, mas na hora de brigar, batia sempre com a mão esquerda. Em seu texto, o jornalista filho de Jacob do Bandolim conta que crescera ouvindo de seu pai histórias sobre o pernambucano radicado no Rio. Na entrevista, Bittencourt quis averiguar algumas dessas lendas urbanas. O malandro confirmou todas. Disse, por exemplo, que já tinha brigado com um sujeito por mais de quatro horas e meia nas imediações da Glória e que, de certa feita, encarara 19 soldados da extinta Polícia do Exército de uma só vez. Também respondeu que "sim" quando o colunista perguntou se ele já tinha quebrado um bar inteiro sozinho, sem a ajuda de ninguém.

João Francisco Gomes ficou conhecido no meio artístico carioca no final dos anos 20, quando brilhou no espetáculo "Loucos em Copacabana", interpretando a Mulata do Balacochê no teatro Casa de Caboclo, na Praça Tiradentes. Quem o viu no palco afirmava que ele era um vulcão em cena. Só que os episódios de violência e os anos na cadeia o afastaram dos palcos, ainda que as histórias geradas a partir de sua atitude marginal alimentassem o mito em torno de sua figura. Em uma entrevista reveladora à jornalista Marisa Raja Gabaglia, publicada no dia 23 de outubro de 1972, após o lançamento de sua biografia, Satã resumiu assim seus anos de prisão:

 Coisas boas e coisas ruim. Fui cozinheiro particular do diretor. Isso foi bom. Mas sofri muito. Apanhei muito. O preso é um cara que está sempre sem proteção e sem segurança. Então, imagina sempre que deve matar seu inimigo antes que o matem. E fica noites a fio sem dormir, esperando a morte. E mata um sujeito que às vezes nem tinha arma, nem intenções assassinas. Uma vida de terror.

Na mesma entrevista, o pernambucano contou que foi preso pela primeira vez acusado de matar um guarda civil. Porém, aqui de novo, alimentou seu personagem dizendo que "Deus fez a bala matar, eu só dei o tiro". E acrescentou que "estava cheio de cachaça, e o guarda cismou que eu não podia lanchar". Marisa Gabaglia quis saber, então, se era ele quem procurava o caminho do crime, ao que ele respondeu revelando a história real por trás da lenda criada em torno de seu nome artístico.

- A culpada sempre foi a ignorância. A ignorância botou a fome na barriga de multo vagabundo. Como eram ignorantes e analfabetos, só sabiam arranjar comida matando e roubando - disse ele, antes de concluir: - De com na vida, o que fiz foi criar sete filhos. Nenhum deles é meu. São crianças que um dia vi, fiquei com pena e fiz o que pude com elas.

Em fevereiro de 1976, Madame Satã foi encontrado internado em um hospital de Angra dos Reis, no Sul Fluminense. Resgatado pelo cartunista Jaguar, do semanário "O Pasquim", para uma unidade na Zona Sul do Rio, o ícone da boemia na Lapa passou a receber tratamento adequado, mas constatou-se que ele sofria de câncer no pulmão em estágio avançado. No dia 14 de abril, o pernambucano foi enterrado na Ilha Grande. 

Fonte: O Globo

Quando apareceu o Carnaval?

  



O Carnaval é a festa mais tradicional do Brasil e atrai milhões de pessoas para celebrá-lo nas ruas todos os anos.

Atualmente, o Carnaval é a festa mais popular do Brasil e é comemorado em data móvel, que é influenciada pela data que determina a Páscoa. A Terça-feira de Carnaval é comemorada exatamente 47 dias antes do Domingo de Páscoa. As próximas datas para a Terça-feira de Carnaval no Brasil serão:


2020: 25 de fevereiro


2021: 16 de fevereiro


2022: 1º de março


Para percebermos a dimensão do Carnaval em nosso país, podemos usar o exemplo de algumas cidades. No Rio de Janeiro, em 2019, o Carnaval levou cerca de 7 milhões de pessoas às ruas e mobilizou uma receita de 3,7 bilhões de reais|1|. Já em São Paulo, a quantidade de pessoas nas ruas foi de cerca de 5 milhões no mesmo ano|2|.


O Carnaval consolidou-se como a principal festa popular do Brasil na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas. As principais festas de Carnaval do Brasil ocorrem nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Os blocos de rua e os desfiles das escolas de samba são seus principais meios de realização.

História do Carnaval no Brasil

O Carnaval chegou ao Brasil, entre os séculos XVI e XVII, pelos portugueses. Uma das principais práticas do Carnaval português reproduzidas no Brasil foi uma brincadeira conhecida como entrudo. O entrudo foi proibido pelo seu caráter agressivo, no século XIX, mas foi realizado até o século XX.


O entrudo era uma brincadeira popular em que as pessoas, sobretudo as mais humildes, saíam às ruas para sujar umas às outras. Para isso, utilizava-se diversos itens para molhar ou sujar alguém: água perfumada, água suja, lama etc. O entrudo também podia ser executado por outro tipo de troça.


Havia uma distinção dessa brincadeira entre o povo e a elite, pois a massa popular realizava-a nas ruas do Rio de Janeiro, e membros da elite local, no interior de suas famílias. As ações do governo contra essa prática contribuíram para que ela desaparecesse no século XX. Com o tempo, diversos outros elementos foram sendo adicionados ao Carnaval brasileiro, fazendo com que cada região do país tenha uma peculiaridade nessa celebração.



Fonte:https://escolakids.uol.com.br/datas-comemorativas/carnaval.htm