Favela também tem história
Sobre as ondas de rádio
O Dia Nacional do Choro
O Dia Nacional do Choro é comemorado em 23 de abril, em homenagem à data de nascimento de Pixinguinha, uma das figuras exponenciais da música popular brasileira, e em especial do choro.
O choro
O choro entra na cena musical brasileira em meados e finais do século 19, e nesse período se destacam Callado, Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Inicialmente, o gênero mesclava elementos da música africana e européia e era executado principalmente por funcionários públicos, instrumentistas das bandas militares e operários têxteis. Segundo José Ramos Tinhorão, o termo choro resultaria dos sons plangentes, graves (baixaria) das modulações que os violonistas exercitavam a partir das passagens de polcas que lhes transmitiam os cavaquinistas, que induziam a uma sensação de melancolia.
O século 20 traria uma grande leva de chorões, compositores, instrumentistas, arranjadores, e entre eles, com destaque, Pixinguinha.
Pixinguinha
Alfredo da Rocha Vianna Júnior nasceu em 23 de abril de 1887. Cedo dedicou-se à música e deixou um legado de inúmeros clássicos, arranjos e interpretações magistrais, como flautista e saxofonista. Carinhoso, Lamento, Rosa, 1 x 0, Ainda Me Recordo, Proezas de Solon, Naquele Tempo, Vou Vivendo, Abraçando Jacaré, Os Oito Batutas, Sofres Porque Queres, Fala Baixinho, Ingênuo, estão entre algumas de suas principais composições.
O apelido Pixinguinha veio da união de pizindim – menino bom – como sua avó o chamava, e bexiguento, por ter contraído a varíola, que lhe marcou o semblante. Mário de Andrade registrou a presença do mestre na cena carioca, criando em seu livro “Macunaíma”, um personagem: “um negrão filho de Ogum, bexiguento e fadista de profissão” (Andrade, 1988). A passagem se dá quando o “herói sem nenhum caráter” freqüenta uma “macumba” em casa de tia Ciata. A caracterização de Mário de Andrade ficou difundida com a biografia de Pixinguinha elaborada por Marilia T. Barboza da Silva e Arthur L. de Oliveira Filho: “Filho de Ogum Bexiguento” (Rio de Janeiro, FUNARTE, 1979).
Saiba mais sobre o Choro:
O choro é um gênero musical nascido e desenvolvido na cidade do Rio de Janeiro, quando esta passa por inúmeras transformações fundamentais para a história do Brasil, entre elas, a inquietação que se segue à Guerra do Paraguai (1864-1870), que levaria à abolição da escravidão, à instituição do regime republicano, a reformas urbanas e a grandes transformações culturais. Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Pixinguinha (1897-1973), Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Jacob do Bandolim (1918-1968) são nomes famosos que participaram dessa história, mas há muitos outros.
Fonte: Centro Cultural Antônio Carlos Carvalho (CeCAC)
Samba: um símbolo da cultura da favela
A cultura da favela que levou a música brasileira para o mundo foi o samba. Aliás, levou o Brasil para Marte, onde astronautas colocaram Beth Carvalho para tocar. Mas o ritmo musical que hoje é uma das marcas da cultura brasileira e da favela começou com o velho preconceito.
Segundo historiadores, o samba nasceu do ritmo de 2 grupos africanos: os bantos, originários da África Central, e os iorubás, que chegaram da África Oriental. A união do ritmo e a introdução das religiões africanas na cultura brasileira foram os pontos cruciais para o samba se solidificar.
No século XIX, o Rio de Janeiro era a capital do Império. Então, a cidade maravilhosa passou a comportar uma leva de negros vindos de outras regiões do Brasil, sobretudo da Bahia. Eles levaram seus batuques para os aglomerados em torno das religiões africanas, em que atuavam mães e pais de santo.
O primeiro samba gravado foi Pelo Telefone (Donga), de 27/11/1916, nas rodas de criação dos terreiros. Até então, era um ritmo escondido, tocado apenas nas favelas e nos arredores da Praça 11. Aliás, quem fosse pego tocando samba seria “tocado” direto para a cadeia.
Os sambas-enredo e a cultura da favela na avenida
Nos anos 30, o preconceito começou a mudar de figura. Artistas brancos, como Noel Rosa, fizeram com que o ritmo da favela começasse a ser aceito. A origem do cantor se deu no mesmo período do surgimento dos primeiros desfiles das escolas de samba.
Além disso, o governo de Getúlio Vargas viu no samba uma espécie de “fumacê positivo” para o seu autoritarismo. No começo, os músicos improvisavam 2 sambas – um na ida e outro na volta da avenida. O ritmo era mais cadenciado e o samba-enredo era pautado pela História do Brasil.
Noel Rosa e Ary Barroso: samba, cultura da favela e poesia
Nos anos 20, além das escolas de samba, Noel Rosa foi o primeiro que trouxe a cultura viva da favela para a sociedade. Na junção do boêmio carioca de poesia com samba, Rosa lançou sucessos cantados no Carnaval até hoje, como, por exemplo, Com que Roupa (1929), Fita Amarela (1932) e Conversa de Botequim (1935).
Outro sambista que elevou o ritmo cultural da favela de patamar foi Ary Barroso, compositor de um dos maiores clássicos da MPB, Aquarela do Brasil. Quando cantada na voz de Carmen Miranda, a canção conquistou Hollywood e transformou Ary em compositor da Disney.
Cartola e Nelson Sargento: a cultura da favela e o preconceito
Não podemos esquecer Cartola, Nelson Sargento e outros sambistas negros. Os dois citados são dos primórdios da Estação Primeira de Mangueira. Cartola começou compondo sambas que fizeram sucesso na voz de cantores como Ataulfo Alves e Carmen Miranda. Entretanto, só foi reconhecido pelo público no final de sua vida.
Já Nelson Sargento foi músico, poeta, pintor e presidiu o grupo de compositores da Mangueira. Além disso, foi pesquisador da música popular brasileira. Assim como Cartola, só foi reconhecido no final de sua vida, gravando seu primeiro disco solo aos 55 anos. Nelson Sargento morreu em 2021 aos 96 anos.
Muitos estudiosos apontam que o preconceito racial foi um dos fatores que fizeram com que músicos desse porte só fossem reconhecidos nos últimos anos de vida. Sargento compôs mais de 400 canções, enquanto Cartola foi autor de clássicos, como O Mundo é um Moinho (1976), O Sol Nascerá (1974) e As Rosas Não Falam (1976).
Os “filhos” do samba
Desde então, o samba foi responsável pela criação de vários subgêneros. Nos anos 50, tivemos a introdução do violão da bossa nova de João Gilberto. Na década de 70, Tim Maia e Jorge Ben Jor misturaram a música negra americana com o samba, trazendo o samba soul e o samba-rock para nossa discoteca e enriquecendo a cultura da favela.
Nos anos 80, nasceu o pagode. Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho e outros sambistas trouxeram de volta a cultura da roda de samba e a cultura da favela para as músicas mais tocadas do país.
RAP: da Jamaica para as favelas de São Paulo
Não foi só no Rio de Janeiro que a cultura da favela transformou a música brasileira. Em São Paulo, as favelas que ficam nas margens da capital mais rica do país também tiveram sua participação. O rap veio dos Estados Unidos e logo ganhou um tempero local, cantando o jeitinho e a dor do brasileiro das favelas.
Mas, peraí, por que no título você colocou Jamaica? Calma…
O rap pode ter vindo dos Estados Unidos, mas o ritmo nasceu na Jamaica. Então, nos anos 60, grupos de músicos se juntavam em festas de rua nos guetos do país da América Central. Elas surgiram pelo nascimento dos amplificadores de som. Eles democratizaram as festas, tornando possível fazer uma balada na boate ou na rua do gueto.
Os donos dessas “baladas” eram DJs, conhecidos como toasters. Então, eles colocavam todo mundo para dançar com base em palavras rimadas e reggae. A princípio, os temas eram descontraídos, porém, com o passar do tempo, eles começaram a falar sobre questões políticas e sociais.
Além disso, as batalhas de improviso também surgiram nessa época. Quem não concordasse com o que um toaster vinha rimando, podia cantar e desafiá-lo com outros versos.
O rap e as favelas de São Paulo
Nos anos 80, o rap aterrissou em São Paulo, mais especificamente na Estação São Bento, onde Jr. Blaw começou a improvisar. Entretanto, há quem diga que o rap veio dos repentistas nordestinos, que já faziam suas rimas há tempos.
O fato é que a música de origem jamaicana, que já conquistava a cultura negra norte-americana, se consolidou apenas nos anos 90. Em São Paulo, nasceu o Racionais MC’s, grupo de Mano Brown, que teve seu nome inspirado por Tim Maia e seu disco, Tim Maia Racional.
Dessa forma, os Racionais colocaram o dedo na ferida em relação à violência e à pobreza das favelas de São Paulo. Mano Brown virou a maior inspiração para outros músicos, como Marcelo D2, do Planet Hemp, que mistura rap com rock e samba. Além disso, tivemos nomes como MV Bill, Sabotage, Emicida, Rashid, Criolo e Negra Li, a musa do rap.
Enfim, todos eles vindos das periferias e trazendo a cultura das favelas para suas rimas.
Funk com F de favela
Foi quando Cartola e Nelson Sargento começaram a aparecer no cenário musical nacional que outro filhote musical da cultura das favelas começou. Nos anos 70, o charme começou a ser levado para as festas das favelas cariocas. Um ritmo que ganhou tempero tupiniquim e virou febre nacional.
“Musicalmente falando, a diferença é que o funk é um ritmo mais acelerado, mais despojado e o charme mais suingado, cadenciado, que tem muita sensualidade”, explica o DJ Michel, em matéria publicada no G1.
O funk começou em formato semelhante ao do rap, com letras que escancararam a desigualdade social e os problemas das favelas e periferias cariocas. Porém, com o passar dos anos, as letras foram ficando mais românticas, fazendo o ritmo ganhar mais seguidores. Hoje, o funk é o maior representante da cultura das favelas no cenário do pop nacional.
“O Rio de Janeiro, de tempos em tempos, já observei que acontece de 50 em 50 anos, ele cria um novo tipo de música. Teve o samba, 50 anos depois tivemos a bossa nova, 50 anos depois o funk, daqui a 50 anos deve ter alguma coisa nova aí do carioca surpreendendo a gente.”
A cultura da favela circular
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Fonte:https://blog.gerandofalcoes.com/cultura-da-favela-e-seus-estilos-musicais/
CURIOSIDADES SOBRE O RÁDIO
2. A primeira transmissão radiofônica nacional ocorreu em 7 de setembro de 1922, durante uma exposição comemorativa pelos 100 anos da Proclamação da Independência. O então presidente Epitácio Pessoa foi o primeiro a testar o sistema e realizou um discurso veiculado por 80 alto-falantes.
3. Em 1º de março de 1932, Getúlio Vargas assinou um decreto-lei permitindo a veiculação de propaganda pelo rádio.
4. Roquette Pinto e Henry Morize fundaram a primeira rádio do país em abril de 1923. Ela se chamava Sociedade do Rio de Janeiro.
5. “A Voz do Brasil” foi instituída em 1935 e, 3 anos depois, passou a ser transmitida em rede nacional. No início, além dos pronunciamentos de Getúlio Vargas e de seus aliados políticos, o programa também apresentava cantores populares. A abertura da ópera “Guarani”, de Carlos Gomes, servia de vinheta do programa.
6. A primeira rede nacional de rádio foi organizada por Getúlio Vargas, no dia 10 de novembro de 1937, para anunciar a criação do Estado Novo.
7. A primeira rádio-novela foi ao ar em 1941 pela Rádio Nacional. Chamava-se “Em Busca da Felicidade”, escrita pelo cubano Leandro Blanco e patrocinada pelo creme dental Colgate.
8. O noticiário “Repórter Esso” fez sua estreia em 1941, transmitido pela Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e pela Rádio Record, de São Paulo.
9. O locutor era Heron Rodrigues. Foi o primeiro noticiário de rádio que fazia mais que apenas ler o jornal impresso.
10. Os dois bordões que ficaram mais famosos foram “O primeiro a dar as últimas” e “Testemunha ocular da história”. Parou de ir ao ar em 31 de dezembro de 1968, com o locutor às lágrimas se despedindo do público.
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